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Entrevista: Titãs - O Encontro

Formados nos anos 80 como octeto, Titãs têm seguido o seu caminho como trio. Contudo, juntam-se agora sete dos membros da formação clássica para uma digressão inédita.

"Encontro – Todos ao Mesmo Tempo Agora" começou em abril deste ano, no Brasil, com vários recintos esgotados, e chega a Portugal no dia 3 de novembro. A banda vai atuar na Altice Arena, em Lisboa, e os últimos bilhetes encontram-se disponíveis nos locais habituais.

A Backstage esteve à conversa com Sérgio Britto, um dos atuais elementos dos Titãs.

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Catarina Freitas
Jornalista
Sexta-feira, 20 de Outubro de 2023, às 16:40

Apesar dos Titãs, enquanto banda, existir desde os anos 80, a sua formação foi alterando inúmeras vezes. Como surgiu a ideia de se juntarem para esta digressão?

Na verdade, é algo que os fãs cobram há muito tempo, este reencontro. A gente teve separações amigáveis então não ficou nenhum resíduo, não havia porque não fazer. Eu acho que quando a gente completou 40 anos de história, esse assunto começou a ficar mais quente. Lembro de, coincidentemente, ter feito uma entrevista em que disse que não haveria problema de fazer uma celebração desse tipo, que dependeria mais dos outros, ou seja, dos ex-Titãs do que de nós. Em seguida o Nando Reis ligou-me a dizer que tinha visto a entrevista e achava a ideia bacana e, assim, a conversa começou e foi seguindo. Aos poucos todos acreditaram de que seria bom fazer isso e aconteceu.

Como correu o primeiro ensaio juntos?

Foi muito divertido porque a gente tem uma espécie de irmandade. A relação entre as pessoas que fazem parte de uma banda é muito intensa, às vezes mais forte até do que a relação que se tem com familiares. Vive-se coisas muito decisivas na vida, então entre nós há muita cumplicidade. Logo no primeiro encontro, antes de começar a tocar mesmo, quando a gente estava a pensar no repertório, a gente sentiu que essa química estava viva. Foi muito bom constatar que aquilo que nos uniu continuava ali.

Durante estes 40 anos certamente aconteceram momentos muito marcantes. Consegue escolher um ou dois que tenham sido realmente marcantes? Deve ser difícil.

É difícil mesmo. Para falar de um recente, acho que o show em São Paulo, no Allianz Parque, um estádio para 50 mil pessoas. A gente fez três dias seguidos com lotação esgotada. Foi um momento muito especial na nossa carreira, de reafirmação do nosso reportório, do que a gente representa na música brasileira. É muito prazeroso tocar para tanta gente que está ali, que conhece todas as nossas músicas, a nossa carreira.

Eu vou falar de outro que talvez não seja tão grandioso, mas para mim é, que foi o lançamento do disco "Cabeça de Dinossauro", também aqui em São Paulo. Lembro que a gente fez um show aqui num espaço chamado Projeto SP. Apesar desse disco não tocar na rádio, estando no começo, o local esgotou, e as pessoas todas cantaram as músicas todas do disco. Lembro que a gente ficou muito surpreso. A gente tinha uma ou outra música que tocava na rádio e os espetáculos eram assim, as pessoas ouviam os hits e cantavam, mas esse disco fez um caminho muito diferente, então para mim foi muito marcante.

Vocês marcaram a geração dos anos 80 e 90, mas continuam a angariar novos público, novos fãs, qual será o segredo para esta intemporalidade?

Acho que não tem que se pensar nisso. Acho que é fruto um pouco do trabalho que fazemos, enfim, da maneira como nos entregamos. Eu acho que o resultado disso, graças a Deus, tem sido isso. Poderia até não ser, mas de facto eu não consigo achar outra explicação.

Vocês têm vários álbuns e imensos temas, qual foi a lógica para criar o alinhamento para os concertos desta digressão?

Nalguns momentos tem lógica, mas noutros momentos não tem muita lógica. A arte em geral é uma expressão da tua individualidade. Então quando tem um grupo de pessoas que trabalha junto, é necessário alinhar as coisas . Sempre houve muita busca do consenso, nada foi imposto. Quando a gente mergulhava numa coisa a gente ia a fundo e todos davam o seu melhor para vingar. Então isso resultou numa colaboração muito forte da nossa parte. Acho que no que diz respeito às canções, não tem muita regra, falamos de quase todos os assuntos. A gente tem canções de amor, tem canções que falam sobre a sociedade, canções mais ácidas, críticas, outras reflexivas. Acho que, como te disse, é fruto dessa certeza que temos que expressar alguma coisa da nossa individualidade para que o resultado tenha substância.

No dia 3 de novembro vão estar no Altice Arena, o que pode esperar o público deste concerto?

Para quem gosta de nós, é um prato cheio, porque tem todos os nossos grandes sucessos, das nossas fases mais importantes. Tem uma parte acústica, a gente canta canções que são baladas e são reconhecidamente sucessos, toca duas canções com a Alice Fromer, a filha do Marcelo. É um show que tem um pouco de nostalgia, claro, porque é um reencontro nosso. Além disso, a parte visual do espetáculo foi uma coisa muito aclamada aqui no Brasil porque realmente fizemos com muito cuidado. Está à altura da nossa carreira. O Otavio Juliano, que é o diretor de palco, fez algo muito de acordo com o que são as canções, então acho que funciona muito bem. Para quem gosta da gente, acho que é imperdível.

Para terminarmos esta breve conversa, aquela pergunta que todos os fãs fazem: após o final desta digressão, no final deste ano, o que podemos esperar dos Titãs?

Há dois Titãs. Há os Titãs que ainda estão no ativo, que sou eu, o Tony e o Branco , a gente tem feito discos, gravou um disco de músicas inéditas o ano passado, e pretendemos continuar. Temos projetos pela frente que não vale a pena adiantar, mas continuamos com a nossa carreira. Eu tenho um trabalho a solo e os outros todos ex-Titãs têm os seus trabalhos solos. Eu acho que o bacano desse encontro foi que deixou a possibilidade de explorarmos projetos e encontros nessa formação porque o saldo foi muito positivo, em todos os aspetos. Fica uma porta aberta para futuros projetos.