Imagine Dragons ao vivo em Lisboa: Estádio da Luz esgotado, êxitos e festa para todas as idades

Não era noite de clássico, mas o ambiente em redor do Estádio da Luz fazia lembrar as grandes finais de futebol. Desde o fim da tarde, uma maré humana começou a formar-se nos acessos ao estádio, t-shirts da banda, pessoas de todas as idades, famílias, grupos de amigos, e uma energia que só se sente quando algo grande está prestes a acontecer.

Lisboa recebeu a primeira data da nova digressão mundial dos Imagine Dragons, "LOOM World Tour", e a estreia da banda no Estádio da Luz não podia ter tido outro cenário: mais de 50 mil pessoas reunidas num espetáculo pensado à escala de um festival. Portugal foi o ponto de partida da Europe Leg da banda, e o arranque não podia ter sido mais especial.

A primeira parte esteve a cargo do britânico Declan McKenna. Apesar da tentativa de conquistar o público e da simpatia ao dirigir-se em português, a maioria dos presentes aguardava impacientemente pelos protagonistas da noite.

Pouco depois das 21h, Dan Reynolds e companhia subiram ao palco e Lisboa entrou em modo euforia. A primeira música, "Fire In These Hills", estreada ao vivo com a chegada do novo álbum "Loom", lançou as bases do que viria a ser um concerto explosivo. Pirotecnia, confettis, e uma produção visual gigante…tudo arrancou logo de início, sem poupança de energia desde o minuto zero.

Na segunda música, "Thunder", o estádio já cantava como se estivesse no encore. Dan Reynolds percorreu a passerelle em forma de seta montada sobre o relvado, aproximando-se do público e sentindo o calor literal e metafórico da plateia. À terceira música já estava em tronco nu, num gesto espontâneo que mostrava que esta noite era para suar, saltar e cantar até ao fim.

A setlist foi feita para não deixar ninguém parado. "Bones", "Take Me to the Beach", "Shots", "Whatever It Takes" – um desfile de êxitos que mantiveram o estádio ao rubro, sempre em sintonia com a banda. O alinhamento foi rigoroso, milimetricamente pensado para que cada refrão fosse um momento coletivo. Não houve espaço para pausas criativas ou improvisos: este era um espetáculo montado para impactar, para ser vivido em grande escala.

A meio do concerto, Dan Reynolds interrompeu a festa para um momento de introspeção. Falou de saúde mental, da sua experiência com ansiedade e depressão, e deixou um apelo comovente: "Pedir ajuda não é fraqueza, é um ato de coragem." A reação foi imediata: aplausos intensos e um silêncio respeitoso que preparou o ambiente para uma das canções mais emotivas da noite.

Ao piano, "Demons" encheu o estádio de luzes de telemóvel e criou uma bolha de calma num mar de energia. Mas foi só uma pausa. Pouco depois, a banda acelerava novamente com "Natural", "Walking the Wire", "Sharks", "Enemy" e "In Your Corner", cada música recebida com a mesma entrega e entusiasmo.

O ambiente foi, do início ao fim, uma celebração. O público era diverso: adolescentes, adultos, famílias, fãs de longa data e novos seguidores. A música dos Imagine Dragons atravessa gerações e, ali, ninguém ficou de fora.

Os dois momentos mais esperados chegaram já no final. "Birds" trouxe outra vez as lanternas dos telemóveis e um ambiente quase espiritual. E depois, claro, veio o auge: "Believer". Foi o fecho épico que todos queriam. Palmas, saltos, vozes em uníssono: o Estádio da Luz vibrou como se fosse uma final europeia…mas com guitarras e batidas em vez de bolas e redes.

Antes de abandonar o palco, Dan Reynolds agradeceu em português e prometeu regressar. Pelo que se viveu em Lisboa, o regresso dos Imagine Dragons a Portugal não é uma questão de "se", mas de "quando".

Alinhamento completo do concerto:

Fire in These Hills
Thunder
Bones
Take Me to the Beach
Shots
I'm So Sorry
Whatever It Takes
Next to Me (acústico)
I Bet My Life (acústico)
Bad Liar
Wake Up
Radioactive
Demons
Natural
Walking the Wire
Sharks
Enemy
In Your Corner
Birds
Believer