Imagine Dragons ao vivo em Lisboa: Estádio da Luz esgotado, êxitos e festa para todas as idades

Não era dia de jogo do Benfica, mas o ambiente em redor do Estádio da Luz fez lembrar as grandes noites de futebol. Ao final da tarde, milhares de pessoas juntaram-se nas imediações do recinto. Entre t-shirts dos Imagine Dragons e o ambiente descontraído, famílias, amigos e fãs de todas as idades aproximaram-se do estádio para um concerto que prometia ficar na memória.

A digressão "LOOM World Tour" marcou o regresso dos Imagine Dragons a Portugal. A banda atuou pela primeira vez no Estádio da Luz. Lisboa foi o ponto de partida de uma série de espetáculos que vão passar por vários países da Europa.

A primeira parte esteve a cargo do britânico Declan McKenna. Apesar da tentativa de conquistar o público e da simpatia ao dirigir-se em português, a maioria dos presentes aguardava impacientemente pelos protagonistas da noite.

Pouco depois das 21h, os Imagine Dragons subiram ao palco do Estádio da Luz e deram início a uma noite que juntou mais de 50 mil pessoas num ambiente de celebração coletiva. O arranque fez-se com "Fire In These Hills", tema do novo álbum "Loom", editado no final de junho, e logo aí ficou claro que o concerto seria intenso e pensado para grandes espaços. A produção visual, a pirotecnia e os confettis começaram cedo e não abrandaram ao longo das duas horas de espetáculo.

Logo na segunda música, “Thunder”, o estádio encheu-se de vozes num coro massivo e o ambiente já se assemelhava ao que normalmente só se vive na parte final de um concerto. Dan Reynolds percorreu o palco e a longa passerelle montada sobre o relvado, aproximando-se do público em vários momentos. O calor não deu tréguas e, à terceira música, o vocalista já estava em tronco nu, sinal de que a noite se adivinhava longa e sem pausas.

Seguiram-se êxitos como “Bones”, “Take Me to the Beach”, “Shots” e “Whatever It Takes”, sempre com o público a cantar e a saltar, sem perder o ritmo. O alinhamento foi pensado para manter o estádio ligado do primeiro ao último minuto, com refrãos fáceis de acompanhar, uma produção visual de grande escala e a proximidade constante entre banda e plateia. Não houve espaço para improvisos ou desvios. Foi um espetáculo direto, desenhado para agradar às multidões e para funcionar em palcos daquela dimensão.

A meio do concerto, Dan Reynolds fez uma pausa e dirigiu-se ao público para falar sobre saúde mental. Recordou as suas próprias lutas com ansiedade e depressão e deixou uma mensagem clara: pedir ajuda não é sinal de fraqueza. Pelo contrário, é um ato de coragem. Pediu ainda que ninguém enfrente esses problemas sozinho. O discurso, simples e direto, foi aplaudido por todo o estádio e preparou o ambiente para um dos momentos mais intimistas da noite.

“Demons” foi interpretado ao piano, com o Estádio da Luz iluminado pelas lanternas dos telemóveis, num dos momentos mais calmos e emotivos do concerto. Logo a seguir, a energia voltou ao máximo com temas como “Natural”, “Walking the Wire”, “Sharks”, “Enemy” e “In Your Corner”, todos recebidos com entusiasmo por um público que não abrandou.

O ambiente foi de festa contínua e destacou-se pela diversidade entre os presentes. Viram-se adolescentes, casais, grupos de amigos, famílias inteiras e também muitos fãs mais velhos. A música dos Imagine Dragons já atravessa gerações e isso ficou evidente dentro e fora do estádio.

Os dois momentos mais aguardados chegaram já na parte final. Primeiro, “Birds” trouxe novamente as luzes dos telemóveis e um ambiente mais calmo, num dos pontos mais emotivos da noite. Logo a seguir, “Believer” fechou o concerto numa explosão de energia, saltos, palmas e milhares de vozes a cantar em uníssono. O Estádio da Luz respondeu até ao último segundo e Lisboa voltou a mostrar a força do público português.

Antes de sair do palco, Dan Reynolds agradeceu a recepção e garantiu que os Imagine Dragons vão regressar a Portugal. Pela forma como o público reagiu, esse regresso parece inevitável.