Imagem de apresentação de NOS Primavera Sound: o regresso das multidões ao Parque da Cidade
Backstage / Paulo Pinho

NOS Primavera Sound: o regresso das multidões ao Parque da Cidade

O NOS Primavera Sound voltou a fazer ecoar sons no Parque da Cidade do Porto após dois anos de interregno devido à pandemia. O público apareceu em força para um dos primeiro festivais do país, onde a organização apontou para a "maior audiência de sempre". Nick Cave and The Bad Seeds, Tame Impala, Beck, Interpol e Gorillaz foram alguns dos cabeças de cartaz.

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Joana Lopes
Jornalista
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Paulo Pinho
Fotógrafo
Domingo, 12 de Junho de 2022, às 21:13

16h e as portas do recinto abriam para o regresso de um dos maiores festivais de verão do país. O público apareceu em força para o primeiro dia do festival que teve Nick Cave and The Bad Seeds e Tame Impala como cabeças de cartaz, mas com muitas outras surpresas (e desilusões também!) no alinhamento do dia.

Sky Ferreira leva o triunfo de maior desilusão do festival. As expectativas não eram muito altas devido ao grande hiato que a cantora fez no mundo da música, mas em ambiente de festival o público está sempre mais receptivo a ser surpreendido. Infelizmente, com um atraso de 20 minutos, Sky Ferreira só teve direito a seis músicas: "Boys", "24 Hours", "You're Not The One", "Nobody Asked Me (If I Was Okay)" e duas novas estreias: "Don't Forget" e "Innocent Kind".

Ao contrário, Cigarretes After Sex actuaram no Palco Cupra perante uma legião de fãs. Ao longo de uma hora, a banda do Texas trouxe as suas melhores melodias, acompanhados de imagens a preto e branco que já fazem parte da sua estética. Música a música, o público fazia-se ouvir. "Crush", "Nothing's Gonna Hurt You", "Sweet", "Falling In Love" e a mais esperada da noite - "Apocalypse", fizeram parte da setlist que confirmou porque é que a banda continua a ser convidada para o festival.

Tame Impala eram um dos nomes mais aguardados e a mostrarem que a deslocação de tão longe valeu a pena - "The Slow Rush Tour" é o nome da digressão da banda australiana. O concerto começou com um holograma que abriu o palco para a primeira música - "One More Year", seguindo-se "Borderline". Os Tame Impala foram acompanhados por backvisuals psicadélicos, lasers e luzes com cores fortes. A banda actuou mais de duas horas, mas o público estava para ficar. "Elephant" até motivou moshpits entre alguns grupos do público, mas foi "Eventually" um dos momentos mais bonitos do festival, com lasers com alcance longínquo que iluminaram quase todo o recinto. Para terminar, a banda australiana tocou "The Less I Know The Better" e "New Person, Old Mistakes". Foi um concerto que o público não esquecerá, não só pela actuação da banda, como pelo espectáculo de luzes e backvisuals que trouxeram. Kevin Parker, o vocalista, não saiu sem elogiar a cidade do Porto e o próprio local do festival, visto que a banda se estava a estrear nos palcos do NOS Primavera Sound.

O segundo dia de NOS Primavera Sound foi o único a não esgotar as entradas, com Beck e Pavement como cabeças de cartaz.

O destaque foi certamente Rina Sawayama. A artista, nascida no Japão, já era considerada uma das sensações da música pop, mas esta sexta-feira, no Palco Cupra, confirmou-o. O concerto teve a duração de quase 1 hora com os maiores sucessos do último álbum da cantora, intitulado de "SAWAYAMA". "Dynasty" abriu a setlist, seguindo-se de "STFU!", e uma das mais esperadas - "Comme Des Garçons (Like The Boys)". A interação com o público foi uma das melhores deste festival. A artista chegou mesmo a dizer que estava ali um dos melhores públicos que já teve e que a deixou sem palavras quando no recinto só se ouvia gritar o seu nome - "Rina!Rina!Rina!". Rina Sawayama presenteou os fãs com uma música nova, "Catch Me In the Air", e que faz parte do seu próximo trabalho que vai ser lançado em setembro intitulado de "Hold the Girl". Foram feitas muitas referências à comunidade LGBTQ+ e muitos apelos de auto-estima e auto-confiança nos discursos da artista. A fechar, uma cover de "Free Woman", de Lady Gaga. Rina Sawayama abandonou o palco feliz e acompanhada de uma bandeira portuguesa.

Os Slowdive atuaram no Palco NOS acompanhados de um bonito pôr-do-sol. O público aderiu em força para assistir a esta banda britânica que surgiu nos anos 90. Foram muitos os êxitos que se ouviram no recinto do Parque da Cidade, como "Catch The Breeze", "Crazy For You" ou "When The Sun Hits".

Tempo ainda para ver o miúdo King Krule que leva o troféu para casa de uma das melhores atuações do dia. O recinto do Palco Cupra e as bancadas estavam praticamente cheias.

22h30 e chega a hora de Beck pisar o palco principal do festival. O público era muito, mas o concerto deixou a desejar. Beck trouxe uma setlist repleta dos seus maiores sucessos, como "Devil's Haircut", "Hollywood Freaks", terminando com "Where It's At". O artista oriundo da Califórnia, que não pisava um palco português desde 2008, ainda tentou criar uma ligação com o público mas a interação não foi das mais marcantes.

Pavement, um dos cabeças de cartaz, acabaram por não encher a encosta do palco principal. O público era bastante reduzido em comparação com a noite anterior. A banda de rock alternativo estava a pisar palcos nacionais pela primeira vez depois de uma paragem de 12 anos. "Cut Your Hair", "Stereo", "Slanted and Enchanted" fizeram-se ouvir no Parque da Cidade.

Chico da Tina fechou em grande o Palco Binance. O artista de Viana do Castelo atraiu uma enchente de público para assistir àquele que era o sonho do artista: pisar um grande palco. Muita animação, bolas e patos gigantes insufláveis, moshpits e até o amigo "Fredo" a distribuir vinho pelo público. Chico da Tina tocou os seus maiores sucessos acompanhado de vários amigos em palco e ainda aproveitou para gravar parte do concerto, que vai dar origem ao seu próximo videoclip.

O terceiro e último dia de NOS Primavera Sound era um dos mais aguardados. Pelo recinto as camisolas de Gorillaz marcaram a paisagem, um dos nomes mais esperados o festival. No entanto, o dia prometia ainda muitas surpresas.

David Bruno abriu o Palco Super Bock. O "Rei de Vila Nova de Gaia" fez parar uma multidão pelas colinas do festival para ouvirem "O Último Tango em Mafamude", "Miramar Confidencial" e muitas outras. Claro que "Inatel" também se ouviu pelo recinto fora e com um público bastante satisfeito.

Khruangbin eram uma das bandas mais aguardadas e atuaram no Palco Cupra, onde os sons vibrantes das guitarras fizeram o público dançar num final de tarde bem quente.

Destaques do dia também para Pabllo Vittar e Little Simz que atuaram no mesmo horário, em palcos distintos.

Interpol, um dos cabeças de cartaz, subiram ao Palco NOS. Um concerto com bastante público mas que não surpreendeu. Não se sentiu uma conexão entre a banda e o público. Foi um concerto a meio gás, com a voz do vocalista a não sobressair.

Uma hora da manhã e o recinto aguardava o grande nome do festival: Gorillaz. A banda virtual de Damon Albarn subia ao palco com um público a ferver, com de vontade de saltar e entoar todas as suas canções. Durante uma hora e meia, foram tocados os maiores sucessos da banda, e com muitos convidados: Beck, para cantar "The Valley Of The Pagans", Little Simz para cantar "Garage Palace" e "P.O.S", dos De La Soul, para um dos momentos altos da noite -"Feel Good Inc". O cantor incentivava os risos psicóticos entre o público, todo com os braços no ar. Damon Albarn facilmente criava empatia com quem estava na frontline. Sentia-se entusiasmo com a entrega do público. "O Green World" levou o vocalista a sentar-se ao piano e a vestir um robe cor-de-rosa. "Clint Eastwood" foi a escolhida para terminar o concerto em beleza, ou não, devido a uma falha técnica a nível de som, que não permitiu ouvir as suas palavras de despedida. Mesmo assim, Gorillaz chegaram e cumpriram: um concerto memorável para a história do festival.

A nona edição do festival terminava em festa. Nos ecrãs era possível ver-se um vídeo com "See You Next Year", confirmando o regresso do NOS Primavera Sound ao belíssimo Parque da Cidade do Porto. Agora é esperar e aguentar com as saudades de uma das edições mais bem sucedidas do festival.